sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Equilibrando os Sonhos...


    Quando criança alimentamos vários sonhos. Quando crescemos deixamos de ser crianças, mas continuamos a sonhar. Só que a hora de realizar os sonhos de criança é exatamente quando nos descobrimos sonhando como adultos. Parece confuso. E realmente é confuso. Mas essa é a verdadeira graça.
    Sonho. Sempre sonhei. E tenho convicção que para sempre sonharei. É verdade que agora penso mais em realizar tudo que um dia sonhei. Talvez se eu soubesse o quanto é difícil realizar um sonho não teria sonhado tanto. Ou simplesmente teria sonhado mais...
    Chega um tempo que vestimos a roupa de equilibrista e vamos desajeitadamente equilibrando os sonhos de outrora e os de agora. Mas existem aqueles sonhos flexíveis que vão ao longo dos anos aumentando e quando nos damos conta eles estão três vezes maiores do que quando foram originalmente concebidos. Vamos adicionando uma coisinha aqui e outra ali e de repente eles parecem impossíveis de serem realizados. E talvez eles nunca realmente se realizem.
    O fato é que no meio do caminho, ou melhor dizendo, no meio do sonho vivemos a nossa vida paralelamente. Sem perceber realizamos muitas coisas e essas realizações são como degraus que nos impulsiona até o topo da realização maior.
Sonhei sempre com as palavras. Elas sempre me encantaram e me fizeram ver o mundo com os olhos mais humanos. Elaborei planos mirabolantes com as palavras, sonhei um futuro onde elas eram os destaques e paralelamente fui vivendo a minha vida. Terminei a escola, fui para a faculdade e inconscientemente fui criando minha vida de forma a interagir com os meus sonhos. Cresci e sem notar realizei boa parte do que um dia havia sonhado.
As palavras me fizeram professora. Trabalho com elas, ensino para os meus alunos como realmente enxergá-las. Eu as uso para quase tudo que faço. Quando eu falo as estou usando, quando eu canto elas saem da minha boca em forma de ritmos, quando eu escrevo um poema ou coloco uma matéria na lousa eu as reproduzo. Enfim, de tanto sonhá-las, tenho-as por perto e vivo delas, por elas e para elas...
    Cheguei certa vez a pensar que estava distanciando do meu sonho original. Porém percebi que ele só havia aumentado, ele está três vezes maior do que eu tinha elaborado. Ou apenas quando criança não conseguia entender que ele podia ser maior do que era e agora mais velha consigo de fato ver como ele era grande, incrivelmente grande.
    Lecionar é como pegar as palavras que voavam nos meus sonhos de menina e mostrá-las para os meus alunos, entregar para eles a substância que fora responsável por eu estar ali.
    As ações que praticamos são velozes como o tempo, a vida acontece e sem perceber ela enquadra os sonhos na realidade que vivemos.
    E certo dia eu estava lá, enfrente aquela porta, pronta para abri-la. Respirei fundo, como se respirar fosse algo fora do comum e que não fosse mais fazer isso, abri a porta e meus olhos instigantes registraram cada detalhe. Entrei naquela sala de aula e todos os olhos voltaram-se para mim. Usei as palavras para dizer quem eu era. E mais tarde, alguns meses depois, eles usavam as palavras que eu havia ensinado, eles as escreviam.
    Agora sei que falta pouco para completar o que eu sonhei...

Camila Fernandes

2 comentários:

  1. Bela publicação Camila Fernandes. Encontrei seu blog na página do divulga blog no facebook, acessei e curti muito suas publicações, excelente conteúdo. Com certeza virei fã do Blog.

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    1. Olá Giliard, tudo bem? Que legal que você tenha gostado do post!
      Nesse blog tem mais escritos da minha autoria. Beijo.
      http://otempoeapoesia.blogspot.com.br/

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